Maracatu Rainha Adelaide

Entrevista no Programa Pauta REC


MARACATU RAINHA ADELAIDE DÁ AULA DE VALORIZAÇÃO A IDENTIDADE NEGRA E COMBATE AS DISCRIMINAÇÕES 

O Programa Pauta Rec, dos estudantes de Jornalismo da Joaquim Nabuco (Recife) entrevistou a equipe do Projeto Multicores das Artes Cênicas e Maracatu Rainha Adelaide para falar um pouco sobre o trabalho de valorização a identidade afro e combate à intolerância religiosa, ao racismo, a homofobia e outras discriminações. Foram entrevistados o educador/coordenador Samuel Calado e os estudantes Luana Letícia, Adelaide Santos e Gabriel Silva. Confira o material completo no vídeo abaixo:  

Reportagem na Revista Libertária 

Com os projetos aprendi a defender a minha cultura e combater a discriminação

Projeto "Multicores das Artes Cênicas" e "Maracatu Rainha Adelaide" da Escola de Referência em Ensino Médio Padre Machado mostram o caráter transformador das iniciativas culturais dentro das escolas.


Por Caio Pessoa


A estudante Adelaide Oliveira, 17, cursando 3° ano do ensino médio, moradora do bairro de Casa Amarela, zona norte do Recife, acorda todos os dias cedo, por volta das 6h30 para ir a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Padre Machado, localizada no mesmo bairro onde reside. A jovem é de origem afro-brasileira e já sofreu preconceito nas ruas, na escola e em outras instituições por ser negra. Com seu perfil forte tem muito orgulho da sua negritude e sempre combateu a discriminação racial. Nos projetos "Multicores das Artes Cênicas" e "Maracatu Estudantil Rainha Adelaide" a estudante encontrou grande espaço de militância contra o racismo e a intolerância religiosa, "Eu sofria muito preconceito na escola e no meu bairro. Com os projetos aprendi a defender a minha cultura e combater a discriminação. Hoje sou respeitada e grata em participar de um projeto como esse".A jovem junto aos seus amigos - também participantes dos projetos - consegue reafirmar a identidade negra, vivenciar a Lei 10.639/03 que legitima o ensino de Cultura Afro-brasileira e Indígena na escola e desenvolver ações de combate à discriminação.

Adelaide Olveira
Adelaide Olveira

O "Projeto Multicores das Artes Cênicas" foi fundado em 2014 pelo educador social e estudante de Jornalismo Samuel Calado, em parceria com a gestão da Escola Padre Machado que acreditou no grande potencial da iniciativa. O projeto dá oportunidade aos estudantes de aumentarem os seus respectivos repertórios culturais por intermédio da dança, do teatro, da fotografia e musicalidades. Adelaide que tem sua história ligada à participação de grupos culturais afro-brasileiros importantes como a Associação da Mulher Negra e o Samba Reggae Raízes do Quilombo, no Morro da Conceição contribui bastante com o projeto. Não é por acaso que o Maracatu Estudantil da escola foi batizado com seu nome. A ideia dessa homenagem à moça partiu de Samuel, que sempre admirou sua bravura, coragem e negritude, "Desde o primeiro momento que eu vi Adelaide me tornei um seguidor. Acredito que escola é lugar de troca de aprendizagens e não de verticalidades. A Menina meiga, gentil, militante, forte, guerreira chamou bastante a minha atenção. No primeiro trabalho dos Multicores pude ouvi-la cantar e fiquei muito emocionado com a forma como interpretava as músicas de combate ao preconceito. Precisava homenageá-la de alguma forma. Quando a gestora Cristhiane Sarinho propôs a elaboração de um Maracatu Estudantil na instituição sugeri colocar o nome de Adelaide, pelo importante trabalho que ela já desempenhava dentro da escola. A rainha do nosso Maracatu".

Adelaide Oliveira e Willams Francisco
Adelaide Oliveira e Willams Francisco


O "Maracatu Estudantil Rainha Adelaide" tem o objetivo de conscientizar sobre a cultura afro-brasileira e sua importância na construção da identidade brasileira tanto para a comunidade estudantil quanto para sociedade em geral. A manifestação utiliza a arte como instrumento político de inserção social, sendo possível combater o preconceito racial por meio da cultura. Assim como Adelaide, outros alunos da escola foram incentivados a participarem do grupo artístico como Jhonatas Viera, 18, Andreza Guedes, 16 e Laís Freitas, 15 que venceram a timidez, a visão deturpada acerca da cultura afro e o etnocentrismo. Cristhiane Sarinho, gestora da escola, está no cargo há três anos. Ela é coidealizadora do projeto do Maracatu, junto com Samuel Calado, disse que a iniciativa transformou a realidade da escola e trouxe novos horizontes aos estudantes, "Existia um projeto de incentivo do governo para os alunos participarem de oficinas, mas não se prosseguia, porém, a partir do momento em que o educador chegou à escola, criou o Projeto dos Multicores e o Maracatu Rainha Adelaide que mudou a vida dos alunos, para as pessoas que não tinham incentivos culturais na escola, agora são instruídos a verem as artes de uma forma diferente".

Desde que foram criados os projeto "Multicores das Artes Cênicas" e "Maracatu Estudantil Rainha Adelaide", os estudantes tiveram grande notoriedade dentro e fora da escola. Receberam vários convites para se apresentarem em cidades do Estado de Pernambuco, como Gravatá e Timbaúba. Apresentaram também no carnaval do Recife deste ano, no Polo Cultural Afro. As barreiras do preconceito se dissiparam pelo desempenho dos lecionados. Mostraram aos moradores de Casa Amarela e principalmente aos pais, que é possível crescer com arte e ultrapassar as dificuldades.

A vivência das artes dentro das escolas é importantíssima. Estimulam o desenvolvimento das capacidades pessoais, sociais e cidadãs nos estudantes. Elas rompem com o modelo tradicional de ensino e estimulam novos olhares transformadores. Adelaide pensa futuramente em cursar psicologia, mas também não se vê longe das artes. A jovem tentará relacionar as duas tarefas, pois, assim como Samuel, pretende multiplicar saberes e lutar contra toda forma de discriminação.

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